DNIT sensibiliza sobre espécies de peixe ameaçadas de extinção às margens da BR-116/RS


Publicada em 22 de Março de 2024

O Dia Mundial da Água (22 de março) é uma data que pauta reflexões sobre as funções essenciais dos recursos hídricos para a manutenção da vida. Nesse contexto, a Gestão Ambiental a serviço do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) nas obras de duplicação da BR-116/RS (Guaíba – Pelotas) produziu um vídeo para disseminar o conhecimento a respeito dos rivulídeos. Esses peixes, com ciclo de vida peculiar associado à água, são encontrados em áreas úmidas vizinhas à rodovia e abrangem espécies em risco de desaparecimento.

Além do material audiovisual, foi criado um folheto explicativo para a utilização em ações de educação ambiental, envolvendo agentes públicos, escolas, instituições técnicas e de ensino superior, no decorrer do ano.

Os rivulídeos

Os peixes-anuais ou peixes-das-nuvens – duas maneiras pelas quais também são conhecidos os peixes da família Rivulidae – vivem por pouco tempo e dependem das chuvas para a eclosão de seus ovos. Medindo menos de cinco centímetros em sua maioria, boa parte das espécies é registrada em várzeas, banhados e charcos que se mantém alagados entre seis e oito meses por ano. Nesse período, ocorre sua reprodução. Com a seca da área, os adultos morrem, mas os resistentes ovos desses animais permanecem aguardando até a chegada do período chuvoso seguinte, em um processo chamado de diapausa, quando então um novo ciclo de vida é iniciado.

Em torno de 40 espécies de peixes-anuais ocorrem no Rio Grande do Sul, sendo a maioria endêmica, ou seja, encontrada somente no bioma Pampa gaúcho. Devido à distribuição geográfica restrita (alto endemismo), e à fragilidade de seus habitats (rasos, alagados temporariamente e de dimensões reduzidas), os quais são altamente sujeitos à ação humana, os peixes-anuais são considerados os animais vertebrados mais ameaçados do Brasil e de toda a região Neotropical. Também por essas características, são considerados grupo-alvo em estudos e processos de licenciamento e monitoramento ambiental de empreendimentos.

O Programa de Monitoramento de Fauna e Bioindicadores

Para as obras de duplicação da BR-116/RS, foram realizados diversos estudos preliminares e adotadas medidas com foco na mitigação de impactos ambientais negativos. Um dos cuidados ao longo da implantação do empreendimento tem sido a execução do Programa de Monitoramento de Fauna e Bioindicadores, que complementa o conhecimento sobre os animais da região e propõe ações para o manejo adequado e a conservação das espécies.

Dentre as espécies de peixes-anuais verificadas ao longo do monitoramento, A. jaegari e C. nigrovittatus são protegidas e consideradas oficialmente ameaçadas de extinção. Com exceção de A. gymnoventris e C. melanotaenia, cuja distribuição inclui o Uruguai além do Rio Grande do Sul, as demais espécies identificadas na área de influência das obras são endêmicas do Brasil e do território gaúcho.

Em consequência da atividade agropecuária, que acaba favorecendo a eliminação e fragmentação de áreas úmidas, muitos resquícios desses ambientes ficam localizados às margens de estradas. Por esse motivo é tão necessário que as atividades de duplicação dessas vias sejam controladas, reduzindo o impacto na vida dos rivulídeos.