Durante a execução de obras de grande porte como a duplicação da BR-116/RS, entre Guaíba e Pelotas, muitas vezes é necessário buscar alternativas para evitar ou atenuar os efeitos do processo construtivo no meio ambiente. Exemplo deste trabalho foi a necessidade de estabilizar 32 metros da margem do Arroio Viúva Tereza, em São Lourenço do Sul. A atividade foi desenvolvida após ter sido realizado um desvio no curso de água (corta-rio) em função da construção de uma nova ponte no km 471,6 da rodovia. A Gestão Ambiental do empreendimento - em conjunto com a Unidade Local de Pelotas do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT/RS) – estudou quais as alternativas protetivas seriam mais adequadas para reduzir esta interferência. No levantamento, foram definidas técnicas de bioengenharia de solos, que formaram o projeto de estabilização das margens do arroio.
A implantação de uma “Parede Krainer” (espécie de muro de madeira), a construção de uma esteira viva protegida com grade de bambus, e o enrocamento de pedra final para aumentar a resistência contra a ação da correnteza formaram o projeto que começou a ser implantado em 2014. O trabalho teve o acompanhamento técnico da Gestão Ambiental do empreendimento e foi executado pela construtora responsável pelas obras no Lote 8 da duplicação.
Com aprovação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), iniciou-se a conformação das margens do Viúva Tereza com a colocação da Parede Krainer. Composta por uma fileira de estacas de eucalipto de dois metros cravadas verticalmente no solo, com espaçamento de 1,5 metro entre elas, a estrutura ainda recebeu toras sobrepostas horizontalmente ao longo da margem. Na sequência, foi instalada a esteira viva de ramos de Phyllanthus sellowianus (sarandi ou sarandi-branco), que após serem fixados receberam uma fina camada de solo para o auxiliar no enraizamento.
Ao término desta etapa, foi realizado o monitoramento das cheias do arroio para verificar como as estruturas iriam se comportar com a força da água. Com o arraste de parte do material pela correnteza aplicou-se a terceira técnica de disposição de pedras na base do talude para promover maior resistência ao fluxo de água e, assim, evitar a erosão das margens.
Apesar de parecerem métodos bastante simples, o sucesso nos resultados exigiu paciência e tempo dos profissionais responsáveis pelo trabalho. Levou-se um ano do início da execução do projeto até a estabilização do solo, além do monitoramento periódico que permanecerá até a conclusão das obras de duplicação da rodovia.
Nos últimos dois anos de monitoramento, a equipe do Núcleo de Flora da Gestão Ambiental do empreendimento, contratada pelo DNIT/RS, verificou que o projeto implantado mostrou-se eficiente no controle de erosão e estabilização das margens de cursos d’água, podendo ser utilizado em outras situações semelhantes de obras rodoviárias. Mais detalhes sobre as técnicas de bioengenharia de solos aplicadas no Arroio Viúva Tereza podem ser conferidos na 3ª edição da publicação on line Área Aberta – Gestão Ambiental em Revista no link:
http://areaaberta.wixsite.com/revista/atual-edicao-03.